domingo, 29 de junho de 2008

Pedra


"Corri com a palavra na mão pra te jogar.
Fui até a porta da minha ilusão
pra te encontrar.
percorri minhas salas do sonho somente pra te ver,
com outra palavra na mão pra te tecer.

Continuei correndo com a palavra na mão
pra te acertar, continuei ocorrendo, correndo,
com a palavra na mão até cansar.

Voltei à sala do sonho, abri todas as portas
da ilusão, vi escorada a porta da paixão, sempre
trancado o portão do amor.

Voltei a correr, a correr e, súbita imagem:
eu vi de longe a tua imagem súbita.
Corri, corri, corri pra te olhar,
e, quando te olhei, então não mais te vi.
Levantei o braço pra jogar palavra,
e não havia mais palavra em minha mão.

Continuei com a palavra na mão
pra te acertar, continuei correndo com a palavra
na mão pra te jogar, continuei correndo, correndo,
com a palavra na mão até cansar...

Levanto o braço pra jogar palavra,
e não há mais palavra em minha mão.
Talvez encontre alguma pra te inventar."


(Almeida, Sonia. In: Penumbra)

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